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61 anos do golpe: sobre a necessidade de lembrar e resistir


No dia 01 de abril de 1964, a sociedade brasileira estava sendo arrastada para um violento e duradouro golpe de estado. Coordenada pelas elites econômicas, civis e militares, a ditadura se notabilizou por uma profunda violência, perseguindo, prendendo, torturando, exilando e assassinando inúmeras pessoas que se posicionaram contrárias ao estado ditatorial. Diante do horror e da perversidade, não faltaram vozes de homens e de mulheres, nos mais diferentes espaços desse país, denunciando os crimes e se organizando para a reconquista do estado democrático de direito. Se hoje estamos aqui, isso se deve à força e à coragem de inúmeros indivíduos que disseram não à ditadura.


Porém, o passado, diante do ofício do historiador e da historiadora, estabelece uma relação tênue com o tempo presente. Levando em consideração o fato de que o país não produziu uma memória histórica sobre a violência da última Ditadura Militar/Civil, na contemporaneidade, nos mais diferentes espaços - virtuais e presenciais - deparamos tanto com indivíduos quanto com representantes da sociedade civil promovendo um negacionismo histórico e, por meio desse negacionismo, defendendo o retorno da ditadura. Em tempos difíceis, quando os fantasmas do passado estão mais presentes do que nunca, o ofício da historiadora e do historiador não se torna unicamente importante, mais do que isso, o ofício torna-se necessário.


Nos últimos dias, estamos lembrando e fazendo uma reflexão sobre os 61 anos do início da última Ditadura Militar/Civil. A lembrança, conforme não poderia ser diferente, tem um sabor amargo, porque apresenta as marcas da tortura, da violência sistêmica, da perseguição e da morte. Diante das tortuosas lembranças, objetivando que o Brasil nunca mais passe por essa triste e lamentável experiência, escrevo o manifesto para convidar toda a sociedade para uma reflexão coletiva, lembrando cotidianamente dos horrores e dos crimes de um regime ditatorial.


Para nós - defensores do estado democrático de direito - a lembrança não pode ser algo elementar, mas deve representar uma necessidade histórica e coletiva. Por isso estou - estamos - aqui, promovendo uma rememoração sobre o início da última Ditadura Militar/Civil que a sociedade brasileira, infelizmente, vivenciou. Por meio da lembrança, objetiva-se construir uma memória histórica, que seja suficientemente capaz de impossibilitar qualquer tentativa de golpe de estado tanto no tempo presente quanto no futuro.


O dia 01 de abril de 1964 não ficou e não poderá ficar para a história na condição de mais um famigerado dia da mentira. Verdadeiramente, a data representa o início de uma Ditadura Militar/Civil violenta e perversa. No tempo presente, diante dos horrores negacionistas, dos constantes e tristes desejos de retorno, convido toda a sociedade brasileira para (re)afirmar categoricamente: DITADURA NUNCA MAIS.

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