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Estrada da Gente


Divino Magalhães Filho*



Ó luz, largue a largura de seu facho na estreita estrada do meu existir.

Ilumina o meu caminho, ao menos um pouquinho, se possível, até ali.


Eu quero o direito de pisar em trilhas seguras, sem tropeços e tombos.

Sem a prensa do coturno preto e pesado no pescoço da minha pele preta; estou sufocado!


Mãe de ouro, luz noturna cintilante,

alumia essa minha estrada trepidante.

Não quero tropeçar, prefiro um levante.


Chega de couro no chão, sufocado a seco.

Quero água da liberdade, esse suco de direito.


Ah, eu me levanto! A mim, o soco não foi o final

De pé, eu grito indignado:

mas quantos tombaram, de costas no chão, por um pedaço de terra...tiro fatal!


Basta de funeral da fauna e flora.

A febre de minhas feridas, já tão lambidas, a se findar.

Aflora-se em mim o levante, o revolucionar.


Ó luz, mesmo que te digam que ainda rastejo, eu já festejo.

Não porque sou louco e me contento ou me encanto com pouco. É porque a liberdade, bem aqui, lateja.


A janela me mostra em fresta que, lá fora, o alvorecer vem vindo.

Vou correr a avisar nas favelas, florestas e campos:

venham ver e fazer esse canto, que dia lindo!


Nessa minha louca lucidez, ó luz,

não me esconda seu facho, senão me fecho em tombo. Não me tolha.

Quero trilhar travessas, correr florestas, circular cidades e cultivar o campo sem estar no limbo; que dia lindo!

Há tanto eu tento, quisera, sem tranco e tronco. Viva meu quilombo!







Texto: Divino Magalhães Filho*

Divino Magalhães Filho é historiador, e um dos primeiros blogueiros de Itapuranga. Atualmente é coordenador da página Itapuranga: Fatos e Fotos.

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