Texto: César Camargo
Não é mais um dia somente
O domingo sangrento se estende à eternidade
Haverá momentos novos?
Haverá um abraço de verdade?
Haverá dias de sol no parque?
De encontrar os olhares?
De reencontrar esperança?
Haverá o momento de não sentir tristeza?
De estar em família?
Haverá um momento de sermos melhores?
De retomar a fé que foi perdida?
Por este tempo que viverei,
Continuo a esperar!
Haverá o momento de perder a ignorância
Daqueles que te fazem arrogantes.
Haverá o momento de suportar o sofrimento
Como um choro que dilacera
Haverá o momento dos hipócritas se reconhecerem.
Haverá o momento de encher as sinagogas
De ajoelhar-se em direção a Meca
Da fé oculta iluminar os corações
Chorar de verdade por aqueles que não conhecemos.
Por uma eternidade os dias seguem
Nós, continuamos a sangrar.
Haverá o momento de não sentir tristeza
Quando o sol iluminar as janelas dos quartos
De não estar distante
De partir e retornar.
O sol que está comigo
Acompanhará seus caminhos
Como um rio que corre para o mar
Ele ilumina o horizonte
Em chamas, distante sem nunca o tocar.
Haverá um momento
Sereno, depois da tempestade à espera do amor
No final, há esperança!
Mas ainda sinto falta
E a tempestade não vai embora.
Onde está o amor?
Haverá, ainda, neste momento
A dúvida na esperança
Pelas multidões que caminham
E se ignoram.
Não consigo ter esperança!
A tempestade não parte
O momento persiste
Onde está o amor?
Mas haverá um momento?
Por uma eternidade, os dias seguem.
O desprezo enche as sepulturas
E os dias vão embora
E as dores no peito
Não param!
Temos esperança?
As multidões caminham
Lápides, e mais lápides
Onde está o amor?
Por quanto tempo ainda?
A batalha nos chama
Cruzaremos a tempestade
Muitos cairão
Haverá um momento
De dizer quem venceu
Conte as lápides!
Pais, filhos, avós
Irmãos!
Do que adianta agora?
O dia calmo não chega
Continuamos a sangrar
O sol que está comigo,
Não aquece!
Limpem as lágrimas
Haverá o momento de chorar
Não temos tempo!
O sofrimento e a dor nos cortam
Temos que resistir
As notícias de hoje serão as mesmas de amanhã.
As pessoas não se importam
Em que janela o sol brilha
Ou a luta que foi perdida,
Ou as lágrimas que caem.
Não consigo ter esperança!
Ainda que meu coração peça!
A tristeza dilacera
Haverá um momento?
Haverá um momento de nos rendermos?
De deixar que tudo isso passe?
Se pudesse, através de mim
Quebrar as correntes dos espíritos
Ao caminho da luz, os guiar!
Deixar que tudo isso passe
Sem desespero, sem tentação.
O rio segue seu caminho
Como o rio, continuamos
Venceremos a tempestade?
A tristeza dilacera!
Ainda vejo esperança!
Onde está o amor?
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