“Sempre fui sonhador quando pivete meu sonho era ser jogador de futebol, vai vendo, mas o sistema nos limita de tal forma que tive que fazer minha escolha sonhar ou sobreviver”.
O trecho da música "A vida é um desafio" dos Racionaiś MC descreve a realidade de muitos jovens de escolas públicas e de baixa renda,que enfrentam a desigualdade social entre trabalhar ou estudar para sair de sua realidade.
A educação de qualidade é direito de todos e dever do estado, previsto no Artigo 205 da Constituição Federal. Porém o cenário educacional brasileiro se encontra com seus desafios, tais como a verba exigida para o ensino não chegar ao destino de fato, condições socioeconômicas e falta de recursos básicos.
O sistema segue com um alarmante dado (3,9%) de repetência e (5,9%) evasão escolar,durante a pandemia de 2021 a 2023 .Os mais afetados são pessoas em vulnerabilidade.
Segundo o INEP os “alunos que migraram para a rede pública durante a pandemia, voltam para a rede privada” Isso é alarmante pois mostra o grande descaso com o ensino da rede pública em comparação ao privado. O problema não é a escola em si, mas no modelo educacional imposto nas escolas públicas. O novo modelo de ensino médio teve como proposta dar aos estudantes a opção de escolher as matérias relacionado à área que ele deseja seguir para ingressar no mercado de trabalho, no entanto, na prática, impõe maiores dificuldads para que o estudante ingresse na universidade.
A proposta do novo ensino médio é problemática desde o papel, uma proposta que não foi discutida com os profissionais da área. Como algo foi implantado sem antes ver como isso iria afetar os demais? No caso dos alunos e professores da rede publica.
Aumento da carga horária escolar e mudança na grade, diminuir aulas fundamentais e inserir mais aulas como as de trilhas e eletivas. Já foi comprovado que mais tempo em sala de aula não é sinônimo de qualidade, as escolas públicas não tem verba para isso e muito menos infraestrutura. "Eu nunca tive chances, minhas pernas são tão curtas” a canção do grupo sul coreano BTS, faz uma crítica a desigualdade, se encaixa muito bem no cenário que brasileiro de jovens de escolas públicas enfrentam. Tendo de competir com alunos da rede privada, onde sua maioria é cheia de privilégios. Seja em vestibulares, currículos ou trabalhos. O aluno da rede pública tem que ser dez vezes melhor. Como competir com pessoas que estudam em escolas com metodologias objetivas ao invés de matérias e disciplinas que, em sua maioria, não agregam de fato, tais como trilha e eletiva.
Essa diferença de ensino que estão fazendo entre o privado e o público, graças ao novo ensino médio, fará com que a maioria das escolas sejam privatizadas. Pois se se a educação pública é “ruim”, pra quê estudar nelas? A educação não é mercadoria.
A reforma do novo ensino médio foi algo pelo qual alunos e professores lutaram muito, mas esse não é por esse que lutamos tanto. Uma educação de qualidade, que busque abranger todas as necessidades dos estudantes, não só as necessidades que o estado acha que temos.
De fato, não é sábio mantê-lo, precisamos urgentemente de ações que nos tragam melhorias, caso contrário “nós, alunos hoje, seremos só mãos de obra no futuro”. Nós, alunos lutamos por uma escola com ensino de qualidade, lutamos por algo que é de direito nosso e é dever do Estado nos ouvir. Desse modo é dever do Estado, juntamente com a sociedade buscar um meio de solucionar isso para a população geral não só para uma pequena minoria.
Texto de:
Thalyta Pereira Conceição (Kim)
(Estudante do 2º ano do Ensino Médio em Primavera do Leste - MT)
Comments